Dicas de leitura



O crime do padre Amaro (1875)
A ação do livro se passa em uma cidade do interior de Portugal, Leiria. Ali, Amaro, um jovem padre, vive uma paixão arrebatadora por Amélia. Longe dos moldes românticos, o envolvimento entre eles é movido exclusi-vamente pela busca de satisfação dos próprios desejos, longamente   acalentados   ao  longo  de  vidas  em  que religiosidade e sexualidade sempre se haviam misturado. Assim, sua paixão é explicada como conseqüência natural de suas respectivas heranças educacionais. O fim de Amélia é trágico: depois de saber que Amaro entregara o filho que ela tivera a uma mulher para que o criasse distante dali, onde poderia atrapalhar sua carreira religiosa, é acometida por convulsões e morre. Já Amaro termina sem remorsos, vivendo livremente sua luxúria. Note-se a distância a que estamos dos enredos românticos repletos de sentimentalismo, arrependimen-tos, maniqueísmos e finais felizes.
                                                    
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O primo Basílio (1878)
Seguindo ainda as normas realistas (através da crítica social) e naturalistas (pela sexualização dos enredos), Eça de Queirós compõe um romance de denúncia das influências negativas que o excesso de fantasias do Romantismo pode trazer às jovens leitoras mal formadas da burguesia portuguesa. Luísa, a jovem esposa de um engenheiro burguês, Jorge, vive no mais absoluto ócio, matando o tempo lendo as narrativas folhetinescas do Romantismo, vivendo imaginariamente aquelas aventuras arrebatadoras de paixão e morte. A realidade aparece-lhe mais chocante através do primo Basílio, antigo namorado que retorna a Lisboa, a negócios. Luísa se deixa seduzir por ele e trai o marido, que está trabalhando fora da cidade. O caso é descoberto pela empregada Juliana, que passa a chantagear a patroa. Basílio foge, e Jorge retorna. Sem conseguir o dinheiro exigido, Luísa apela a Sebastião, um amigo da família, que resolve a situação arrancando as cartas comprometedoras das mãos de Juliana, que morre ao ver o sonho de enriquecimento escapar-lhe pelas mãos. Jorge descobre, tardiamente, o adultério da esposa; Luísa adoece gravemente e morre.
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Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
Nesta sua primeira experiência realista, Machado de Assis optou por um realismo repleto de liberdades formais e temáticas, que distanciam o romance do modelo convencional. Para abrir de forma chocante o romance, o narrador começa por definir-se como um “defunto autor”, isto é, alguém que, depois de morto, resolveu escrever suas memórias.Depois de narrar as circunstâncias de sua morte, Brás Cubas retorna à infância.
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O cortiço (1890)
Este é o romance mais famoso de Aluísio Azevedo. Nele, várias histórias acontecem paralelamente, envolvendo moradores de um cortiço e seus vizinhos. Duas grandes linhas temáticas podem ser extraídas dessas histórias.
De um lado, temos a história do próprio cortiço, que se confunde com a de seu proprietário, o português João Romão. Enriquecendo às custas da exploração dos moradores e da adulteração dos produtos vendidos em seu armazém.De outro lado, temos a história de um outro português, Jerônimo, um dos moradores do cortiço. Contratado por João Romão para cuidar da pedreira, desempenhou com vigor e competência seu trabalho, arrancando a admiração de todos por sua rotina tranqüila e regrada, junto da esposa. A chegada de Rita Baiana, moradora ausente há seis meses, mudou essa situação. Ao vê-la dançar, Jerônimo passou a desejá-la ardentemente.A decadência moral da personagem mostra a influência exercida pelo meio ambiente, tópico bastante explorado no Naturalismo.
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