Quanto ao fato de ser a poesia realista, o Parnasianismo não teve enquadramento perfeito , pois, principalmente em termos de Brasil, não se caracterizou como uma arte socialmente participativa, conforme era a realista, tanto que os parnasianos foram chamados de moradores em torres de marfim, numa alusão à alienação aos dramas e conflitos humanos presente em seus poemas.
O caráter mais constante e por isso mais identificador do Parnasianismo o foco principal é a perfeição da técnica, requinte da forma, culto ao soneto, arte sem engajamento social, seus temas eram antropologia, civilizações e arte antigas, filosofismo, erudição,de linguagem elegante e freqüente uso de ordem inversa.
Ex:
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto ... |
E conversamos toda a noite, enquanto A via láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. |
Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?” |
E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.” |
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Mal Secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; |
Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! |
Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! |
Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! |
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"Os Caras" do Parnasianismo
Alberto de Oliveira,
Olavo Bilac e
Raimundo Correia